Indústria, universidade e hospital público com um mesmo propósito: oferecer um tratamento experimental utilizando oxigenoterapia hiperbárica (OHB) como complemento à terapia padrão de pacientes com Covid-19.
Essa parceria farceria foi enfatizada, ontem (19/05), durante a inauguração da câmara hiperbárica, equipamento que será utilizado para essa pesquisa inovadora no Risoleta. A Instituição é o primeiro hospital público do Brasil a utilizar uma câmara hiperbárica no tratamento de pacientes internados com a doença – equipamento produzido pela Oxy Câmaras Hiperbáricas.
O estudo é conduzido pelo coordenador da Cirurgia Vascular do Hospital, Dr. Tulio Navarro, por meio da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com o Dr. Marcelo Moraes, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Seu objetivo é verificar a eficácia da OHB como opção terapêutica em pacientes graves internados com dispneia e/ou hipóxia, adiando ou reduzindo a necessidade de intubação. A expectativa é que esse tratamento tenha impacto positivo na liberação de leitos e de respiradores e possível redução das sequelas e da mortalidade associadas à doença.
Confira a repercursão na mídia:
. Oxigenoterapia hiperbárica | Rádio Inconfidência
. Fornecimento de oxigênio a paciente com Covid em câmara fechada é testado em BH | Jornal Hoje em Dia
“É uma alegria ter o Hospital como campo de estudo em uma pesquisa pioneira como esta e em um momento delicado em que a ciência vem sendo desacreditada. Somos referência em assistência, ensino e pesquisa e a ciência é uma aliada da saúde. É muito importante que a indústria colabore com a melhoria da saúde de nossos pacientes, por meio de novas tecnologias e que a sua responsabilidade social se traduza em benefícios para a população.”
Alzira Jorge, diretora geral do Risoleta
“Só conseguimos trazer esta pesquisa para o Risoleta graças ao empenho de muita gente. Na assistência nossos bons resultados devem-se ao trabalho e envolvimento de uma equipe multiprofissional, que também está inserida neste estudo. O tratamento de oxigenoterapia hiperbárica tem foco inicial no usuário com Covid-19 e, mais pra frente, possibilitará utilizarmos também para tratamento de feridas. Queremos criar no Risoleta um centro de regeneração tecidual. Com essa pesquisa estamos de fato centrados nos benefícios para os pacientes.”
Tulio Navarro, autor do projeto, professor da UFMG e coordenador da Cirurgia Vascular no Risoleta
“Esse estudo e a destinação do equipamento ao Hospital são marcos por unir a inovação da indústria e a potência da universidade para que mais pessoas tenham acesso a novos tratamentos de saúde.”
Ricardo Abbondanza, diretor administrativo e produção da Oxy Câmaras Hiperbáricas
Vídeo produzido pela indústria Oxy Câmaras Hiperbáricas.
Metodologia da pesquisa
O estudo será focado em 48 pacientes que preencham os critérios de inclusão abaixo:
• pacientes internados em enfermaria Covid sem indicação para intubação;
• teste PCR positivo ou tomogra¬fia de tórax e análise clínica sugestivas para a doença;
• saturação de oxigênio abaixo de 93% em ar ambiente;
• frequência respiratória maior ou igual a 24 resp/min;
• termo de consentimento assinado (pelo paciente ou familiar).
Os 48 pacientes serão divididos em dois grupos:
1º grupo – receberá oxigênio hiperbárico associado ao tratamento padrão
2º grupo – receberá oxigênio normobárico conforme prescrição de tratamento padrão.
Cada usuário receberá de três a cinco sessões por semana (uma por dia, sem interrupção). Cada atendimento deve durar cerca de 90 minutos (considerando deslocamentos e higienização do equipamento), conduzido por um profissional da Enfermagem capacitado em OHB.
Estudos anteriores
O uso da oxigenoterapia como opção terapêutica contra a Covid-19 é objeto de estudos, desde 2020, nos Estados Unidos, Suécia e França, tendo evidenciado um efeito bené¬fico e nenhum dano aos pacientes, já que ela acelera o processo de recuperação por meio do aumento da concentração de oxigênio que se dissolve no plasma, potencializando o processo de cicatrização e controle de infecções.
Projetos de pesquisas aprovados pelo COEP/UFMG
A pesquisa da OHB em pacientes Covid tem duração prevista de cinco meses e, após esse período, o equipamento será doado para o Risoleta utilizar nos pacientes com feridas atendidos pela equipe multidisciplinar da Vascular, visando à recuperação tecidual, proteção contra infecções e salvamento de membros, como terapia adjuvante.
Próximas pesquisas:
• OHB em pé diabético;
• OHB em feridas complexas;
• OHB em osteomielites.
A câmara hiperbárica
O equipamento foi inaugurado em 19/05 e receberá o primeiro paciente no dia 24/05. A câmara é de aço e acrílico incolor e sua abertura é vedada após a entrada do paciente. Possui televisão para entretenimento durante a sessão e telefone para comunicação com a equipe externa. Dentro do equipamento o oxigênio inalado tem 100% de pureza e a câmara eleva a pressão atmosférica ao dobro da pressão ambiente.
Parabéns a Equipe que assumirá a pesquisa da oxigenoterapia hiperbárica e COVID 19. Mas, a TC do tórax c/ alterações sugestivas do acometimento pelo vírus, como 2o critério de inclusão, nao pode substituir exame PCR ou Ac para o vírus.
Gelson, boa tarde. Agradecemos o elogio. Quanto ao exame PCR, ele não será substituído pela tomografia de tórax e análise clínica sugestivas para a doença, mas esses serão apenas exames complementares.