A desnutrição é uma condição frequente nos adultos hospitalizados. A prevalência varia de 20% a 50% e, nos países latino-americanos, a desnutrição pode estar presente em até 60% dos casos no momento da admissão.
Vários estudos mostram um aumento na prevalência da desnutrição com a ampliação da duração da hospitalização. Ainda, pacientes desnutridos apresentam tempo de internação até 34% mais longo e chegam a custar até 38% mais para as unidades de saúde quando comparados aos usuários bem nutridos.
Outros impactos da desnutrição:
- aumento do risco de lesão por pressão;
- piora da resposta imunológica;
- atraso no processo de cicatrização;
- maior risco de complicações cirúrgicas e infecciosas;
- maior risco de morte durante a internação.
Junho Verde
Com o propósito de conscientizar e estimular as equipes assistenciais a adotarem estratégias para o enfrentamento da desnutrição hospitalar, a Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral (BRASPEN) criou a campanha “Junho Verde”, definindo o dia 6 de junho como “o dia D” para lançamento da campanha.
Neste ano, o tema é “Cuidados que nutrem, direitos que salvam”, com o objetivo de unir forças em uma iniciativa global para reduzir a desnutrição hospitalar e oferecer o melhor cuidado para todos.
A identificação precoce e o manejo adequado da desnutrição são fatores decisivos e podemos mudar os resultados com as nossas intervenções. O tempo de jejum antes do início do suporte nutricional é um fator prognóstico inversamente relacionado com o desfecho dos pacientes internados.
EMTN em nosso Hospital
Desde 2019, a Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional do Risoleta monitora os indicadores de qualidade em terapia nutricional parenteral. O tempo médio de jejum antes do início da nutrição parenteral era de 7,6 dias em 2019 e conseguimos reduzir para 6,1 dias em 2023.
No gráfico abaixo, dos pacientes que receberam nutrição parenteral no Risoleta em 2023, podemos observar que o tempo de jejum acima de 7 dias está relacionado com maior gravidade e também com maior mortalidade.

Podemos avançar mais!
Apesar dos avanços, o desafio ainda é grande na identificação e no acompanhamento dos pacientes desnutridos, especialmente por:
- jejum prolongado antes de cirurgias, procedimentos e exames;
- baixa ingestão ou adesão da dieta hospitalar;
- frequentes interrupções não justificadas da nutrição enteral;
- retirada precoce da via alimentar alternativa como a sonda nasoenteral.
Atuar nesses pontos críticos é essencial para garantir as necessidades nutricionais dos pacientes. Para alcançar resultados cada vez melhores, a EMTN segue os 11 passos preconizados pela BRASPEN:

Determine o risco e realize a avaliação nutricional.

Estabeleça as necessidades calóricas e proteicas.

Saiba a perda de peso e acompanhe o peso a cada 7 dias.

Não negligencie o jejum.

Utilize métodos para avaliar e acompanhar a adequação nutricional ingerida X estimada.

Tente avaliar a massa e a função muscular.

Reabilite e mobilize precocemente.

Implemente pelo menos dois indicadores de qualidade.

Continuidade no cuidado intra-hospitalar e registro dos dados em prontuário.

Acolha e engaje o paciente e/ou familiares no tratamento.

Oriente a alta hospitalar.


Membros da EMTN do Risoleta