Em meados de 2023, no Boletim Conecta, trouxemos uma matéria especial sobre o início dos trabalhos dos Grupos Multiprofissionais de Aprendizagem – GMA, pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) com trabalhadores (assistentes sociais, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos e terapeutas ocupacionais) da Clínica Médica do 6º andar.
Na prática, os profissionais foram divididos em dois grupos convidados a participar de encontros mensais, conduzidos por pesquisadores do Risoleta e da Escola de Enfermagem da UFMG. As discussões foram norteadas por um caso traçador apresentado no primeiro encontro e a cada novo encontro foram propostos temas diferentes para subsidiar as reflexões. Esse método visa estimular construções coletivas para a melhoria das rotinas de trabalho e, consequentemente, fortalecer a assistência prestada aos pacientes.
Os próprios participantes “dão o tom” das discussões, cada um com um saber próprio da sua atuação e reconhecendo o conhecimento técnico e o comportamento seu e dos colegas nas interações durante os processos assistenciais.
Na primeira fase, reflexões, construções e novas rotinas apareceram, como a inserção oficial da figura do técnico de Enfermagem nas corridas de leito da equipe. “Ao mesmo tempo que é simples é também inovador. Pensar no cuidado ao paciente como um trabalho colaborativo, já que o técnico traz uma visão ampliada do paciente, sua rotina diária, aquilo que não é dito nem percebido quando as outras equipes conversam com ele, sua evolução”, explica Leonardo Vasconcelos, Coordenador da Educação Permanente.
Na segunda fase da pesquisa, a novidade será a inserção das lideranças nos encontros, uma demanda que surgiu nas discussões dos primeiros grupos e que será uma oportunidade de acompanhar a evolução das discussões que surgiram nas equipes e o amadurecimento das reflexões. “Pode ser surpreendente para os líderes refletir em grupo e, dessas discussões, extraírem coletivamente soluções para problemas das mais diversas ordens”, diz Leonardo.
Subjetividade e desafios
Um grande desafio é a participação de toda a equipe devido às demandas diárias da assistência e ao atual cenário de superlotação do Hospital. Mas a cada encontro as percepções individuais (subjetividades) e a importância da mudança de cultura se tornam mais desafiadoras ainda. “Mudança de cultura requer novos olhares, novos processos e ajustes coletivos, não só para a Educação Permanente, mas para a gestão, por isso é um desafio institucional. A comunicação ou a falta dela pode interferir no cuidado, ainda mais em um hospital geral, porta aberta, com rotinas múltiplas, mas temos que bancar esse desafio e se conseguirmos será muito inovador dentro do SUS”, conclui.
Rumos
O projeto tem previsão de ser encerrado no segundo semestre de 2025 e a ideia é que os grupos possam ser replicados em outros cenários dentro do Hospital.
Confira o depoimento de quem participa!
“Os grupos de discussão multidisciplinar nos possibilitam uma melhor interação interprofissional, contribuindo para um atendimento de qualidade e humanizado. As práticas coletivas têm se mostrado eficientes, principalmente na tomada de decisões em relação a condutas mais assertivas junto aos nossos pacientes, facilitando os processos de trabalho. Ainda temos um caminho de novas possibilidades e melhorias, mas já percebemos o quanto foi benéfica essa iniciativa.”
Alessandra Siqueira, fisioterapeuta