Cirurgia Vascular: 15 anos de atendimentos valiosos à população

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O serviço de Cirurgia Vascular do Risoleta foi criado por demanda da Diretoria, em janeiro de 2007, para suprir uma necessidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Logo no início mostrou sua relevância com a redução na fila da Central de Leitos de pacientes com pé diabético que não tinham para onde ir e aguardavam até a amputação ou, em alguns casos, a morte. Após 15 anos esse serviço do nosso Hospital é destaque em Minas Gerais e apresenta indicadores comparáveis a serviços dos EUA e da Europa, como abordaremos a seguir.

Perfil da equipe

A equipe médica é composta por clínicos, intensivistas, infectologistas e especialistas em cirurgia vascular, cirurgia plástica e cirurgia de pé. Já a equipe multiprofissional é composta por enfermeira especialista cardiovascular e em dermatologia e podiatria clínica, fisioterapeuta cardiovascular especializada, terapeuta ocupacional especialista em saúde do idoso e nutricionista especialista em nutrição clínica hospitalar.

O serviço está vinculado à UFMG, que direciona alunos da graduação da Medicina para internato em cirurgia vascular, além de residentes multiprofissionais da Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Farmácia e Terapia Ocupacional.

Desde o início, o serviço vinculou-se ao Programa de Residência Médica de Cirurgia Vascular. Os residentes fazem estágios e vivenciam diversos cenários da prática diária.

Educação e conhecimento compartilhado

Aliado ao grande volume assistencial, o serviço da Cirurgia Vascular realiza pesquisa clínica de ponta.

  • Publicação de mais de 20 artigos em revistas científicas internacionais com dados do Risoleta (no total, há mais de 70 artigos com dados conjuntos com outros hospitais e equipes).
  • Defesas de 4 dissertações de mestrado e 2 de doutorado com dados de atendimentos do serviço.
  • 6 trabalhos de conclusão de Residência em Enfermagem e Terapia Ocupacional.
  • Mais de 1.000 citações de artigos do grupo na literatura internacional.
  • 3 livros publicados (em inglês) nos últimos 5 anos.
  • 13 projetos de extensão vinculados à UFMG.
  • 42 resumos publicados em anais de congressos.
  • 144 trabalhos apresentados em eventos científicos.

Ainda, os profissionais desse serviço realizam treinamentos para equipes de saúde da Prefeitura de BH e municípios vizinhos.

Trabalho realizado

Por ano são atendidos cerca de 5.000 pacientes pela equipe da Cirurgia Vascular e ocorrem entre 1.000 e 1.200 internações, além de aproximadamente 30 atendimentos por semana no ambulatório multiprofissional.

Os pacientes recebem tratamento integral. No ambulatório multiprofissional a equipe realiza fisioterapia especializada, tratamento de feridas, reabilitação cardiovascular, cuidados com pés para prevenção de lesões, produção de calçados adaptados e preparo de coto de amputação para protetizações.

O serviço é o único de BH que realiza matriciamento de casos com Estratégia de Saúde da Família (ESF) e do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) na atenção básica do SUS para desospitalização responsável.

Resultados

O alto volume de atendimentos, o fomento à pesquisa a atuação multiprofissional levaram a resultados expressivos: redução de cerca de 75% das taxas de amputações e cerca de 50% de mortalidade. Traduzindo: o trabalho desse grupo evita mais de 400 amputações e quase 100 mortes por ano.

Dados do Serviço de Cirurgia Vascular do Risoleta:

  • a taxa de amputação de membros é de cerca de 16% – comparável a grandes centros internacionais de prevenção de amputação nos EUA e na Europa (onde essa taxa varia de 15% a 20%) e muito inferior a Minas e ao Brasil (com taxas entre 50% e 60%, em alguns cenários chegando a mais de 70%).
  • a taxa de mortalidade varia entre 2% e 6%, também comparável aos centros internacionais (onde é de cerca de 5%) e muito inferior à taxa no Brasil (entre 10% e 15%).

Perfil dos pacientes

O perfil dos usuários é o de doença negligenciada. A maioria é composta por diabéticos que possuem feridas de longa duração, são atendidos em centros de menor complexidade e orientados a realizar apenas cuidados locais por meio de curativos simples. Não são tratadas as condições sistêmicas que causam a ferida, o que pode levar a um comprometimento importante dos órgãos internos, uma vez que os pacientes possuem isquemia, neuropatia, deformidades nos pés e imunossupressão. Com a piora das feridas associada às infecções, o desfecho frequente é a amputação – que salva a vida do usuário num primeiro momento, mas leva a uma sobrevida reduzida em duas a três vezes nos próximos meses.

O Risoleta é crucial para a rede de saúde municipal e estadual, pois recebe grande parcela desses usuários, desafogando a fila de internação e oferecendo resultados de excelência.

Também são atendidos pacientes com outros tipos de feridas (não diabéticas) em membros inferiores, aneurismas de aorta, acidentes vasculares encefálicos por doenças da carótida e traumas vasculares, entre outros problemas. A maioria é desnutrida e tem comorbidades como doenças cardíacas, doenças renais, idade avançada e doenças pulmonares, além de fazer uso de muitos medicamentos (polifármacos). 

Com a palavra, a coordenação 

Com a palavra, nosso paciente

Otacílio Fernandes de Oliveira (64 anos) é paciente do Risoleta há cerca de 10 anos. Antes de tratar aqui ele teve as duas pernas amputadas devido às complicações da diabetes. Atualmente, é atendido três vezes por semana no Ambulatório de Egressos e recebe aplicação de laserterapia.

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