Bioética nos Cuidados Paliativos foi tema de seminário no Risoleta

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Na última quarta-feira (14/6), a equipe do Serviço de Cuidados Paliativos do Risoleta realizou o I Seminário de Bioética. Com participantes no auditório do Hospital e on-line, o evento abordou temas como a autonomia do paciente, a tomada de decisão no fim de vida e o cuidado ético e respeito à dignidade humana.

A primeira palestrante foi a advogada Luciana Dadalto, doutora em Ciências da Saúde e mestre em Direito Privado. Ela falou sobre a necessidade de respeito em relação às escolhas do paciente e de sua autonomia. “As pessoas se autogerirem é pouco comum em nossa cultura, somos uma sociedade paternalista. Queremos lei para determinar a autonomia das pessoas. E com isso restringimos a autonomia de grupos vulneráveis”, afirmou.

A respeito da autonomia do paciente, Luciana lançou as perguntas: o que, para você, é pior do que a morte? Queremos a pessoa viva a qualquer custo, mas e a vontade dela?

Segundo Luciana, uma pesquisa internacional realizada com pacientes em fim de vida mostrou que para eles é pior que a morte: incontinência fecal e urinária; uso de respirador para viver; não conseguir levantar da cama; ficar confuso o tempo todo; e alimentar-se por tubos.

A palestrante é autora de livros na área. Confira suas obras e a siga no Instagram: @lucianadadalto

Carla Carvalho, doutora em Direito, professora da Faculdade de Direito da UFMG e pesquisadora em Bioética e Direito da Saúde, abordou a manifestação da vontade do paciente, o papel dos familiares e das equipes de saúde nas decisões envolvendo os cuidados com quem está em situação de incapacidade e vulnerabilidade. “Cada pessoa tem seus valores, tem uma biografia e isso deve ser levado em consideração pelas equipes de saúde e seus familiares. Quando possível, vale a decisão compartilhada em que paciente e o médico buscam as melhores opções de tratamento juntos. A comunicação é essencial para que a vontade da pessoa seja acatada e que a morte não seja um peso e uma decisão de apenas uma pessoa”, destacou.

Siga Carla no Instagram: @profcarlacarvalho

Por fim, a fisioterapeuta Rafaella Aquino, com formação Avançada de Tanatologia e Cuidados Paliativos, coordenadora do Projeto Cabana Compassiva e co-fundadora do Instituto Entrelaçando Vidas, falou sobre o cuidado ético e o respeito à dignidade, trazendo conceitos e pesquisas mais recentes sobre a finitude da vida e a terapia da dignidade para pacientes com doenças graves ou irreversíveis, muitos em situação de pobreza, miséria e injustiça social.
“O intuito é que a pessoa em fim de vida sinta que existe para além da doença. Precisamos pensar em recuperar a dignidade do doente, valorizando a sua história, e proporcionar uma morte digna. Mas também existem condições em vida, e aqui destaco pacientes com doenças graves que vivem em comunidades e aglomerados, que são piores do que a morte de fato”, afirmou.

Siga Rafaella no Instagram: @rafaella_aquino

Conceitos de fim de vida

Ao longo do Seminário, as palestrantes comentaram sobre conceitos relativos a Bioética e Cuidados Paliativos, como:

Testamento vital: também chamado de Diretivas Antecipadas de Vontade, é um documento no qual a pessoa determina quais os procedimentos médicos desejaria ou não ser submetida no caso de ser acometida de doença grave e/ou terminal.

Dor e sofrimento social
: as pessoas sofrem quando há estados de privação material, com a perpetuação da injustiça social e com a perda da liberdade em todas as suas formas e expressões.

Kalotanásia
: modelo de boa morte – belo e digno – que organiza um conjunto de ações que busca reviver um processo de morrer e uma morte mais suave, tendo como desafio fazê-lo em um cenário médico identificado com o uso continuado e persistente de alta tecnologia.

Mistanásia
: morte miserável, muito comum em comunidades e aglomerados.

Tem alguma dúvida sobre o tema? Procure a equipe de Cuidados Paliativos do Risoleta!

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