Conheça a história de Crisleine e a técnica adotada no Hospital
Crisleine Tatiane de Souza, paciente do Risoleta, foi diagnosticada com uma doença que atinge cinco a cada um milhão de pessoas. Ela desenvolveu Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT) – distúrbio que gera a formação de pequenos coágulos de sangue por todo o corpo – depois de ter se infectado pela Covid-19. Crisleine está bem e teve alta neste início de ano (12/01/2021). Conheça a seguir a história dessa jovem de 30 anos que foi bem sucedida graças ao comprometimento de uma equipe multidisciplinar.
Em 2019, quando Crisleine estava grávida do seu filho Samuel, descobriu por meio de exames médicos que tinha queda incomum de plaquetas no sangue. Enquanto o normal é ter entre 150mil e 400 mil plaquetas/mm3 no sangue, ela apresentava 87% menos (na faixa de 19 mil plaquetas/mm3). Desde então, passou por tratamento por corticóide, medicação mais simples que gerava boa resposta.

Em 16 de dezembro de 2020, Crisleine procurou o Risoleta com manchas na pele e manifestações gripais como dor de cabeça, dor no corpo e coriza. Os sintomas denunciavam a Covid-19 e as manchas sugeriam a evolução da doença no sangue (PTT), já resistente aos corticóides.
Após uma avaliação apurada, incluindo a atuação da Clínica Médica, Nefrologia e Hematologia, seu quadro de saúde foi estabilizado pelo tratamento por plasmaférese (veja explicação detalhada abaixo).
Em apenas três sessões de plasmaférese a paciente ficou saudável, passando de 4 mil plaquetas/mm3 no sangue para 312 mil plaquetas/mm3.
“Quando comecei a fazer as sessões de plasmaférese tive melhoras muito rápidas. Anteriormente me tratava por convênio e nunca passei por esse tratamento. Aqui, em um hospital SUS, fui muito bem atendida e percebi a importância dessa equipe e da técnica adotada. Quando vi que estava com mais de 300 mil plaquetas/mm3 no sangue agradeci a Deus! Essa doença não é fácil, então estou muito feliz por estar saudável e poder voltar para casa e para meu filho e marido! Agradeço demais à equipe que cuidou de mim”, disse Crisleine pouco antes da alta.
Saiba mais sobre a doença e o tratamento
Confira um bate-papo sobre o caso dessa paciente com a Dra. Marina Rezende, da Clínica Médica, e a equipe de Nefrologia do Risoleta.
1) Contextualize a doença PTT e este caso especificamente.
A Púrpura Trombocitopênica Trombótica é uma doença rara. Por vezes é autoimune, mas pode ser desencadeada por outras doenças como quadros virais ou após o uso de determinados medicamentos. Ela caracteriza-se pelo fechamento de vasos sanguíneos e pela isquemia de tecidos irrigados por esses vasos. Durante esse processo há intenso consumo de plaquetas e outras células do sangue, causando plaquetopenia e anemia grave, além da isquemia tecidual.
No caso da paciente chama a atenção que ela não tinha o diagnóstico de PTT antes da internação. Ela chegou ao Hospital devido a um quadro de Covid-19, que evoluiu para uma apresentação grave de PTT, o que gera o questionamento se essa doença foi desencadeada pelo novo coronavírus.

Durante a internação, ela manifestou PTT com plaquetopenia e anemia, além de apresentar crises convulsivas sugestivas de isquemia no sistema nervoso central (que poderiam levar a um AVC), dor torácica sugestiva de isquemia cardíaca (que poderiam causar infarto), sintomatologia gastrointestinal com náuseas e vômitos intensos.
2) Por que foi necessária a plasmaférese e como funciona?
Existem três tipos de tratamento para a PTT: (1) o uso de corticóides, mais simples e acessível, que foi adotado para a paciente e depois não obteve mais resposta; (2) o uso de anticorpos monoclonais (caplacizumabe), não disponíveis no SUS; e a plasmaférese (3).

Na plasmaférese usamos aparelhos semelhantes aos utilizados para hemodiálise. O sangue doente é retirado da pessoa e colocado nesse aparelho que separa as células sanguíneas da parte líquida do plasma. O plasma, que contém os anticorpos causadores da doença, é descartado, e as células sanguíneas devolvidas à pessoa. É um procedimento complexo, pois exige a utilização de um filtro específico, de uma grande quantidade de plasma fresco congelado (derivado de doação de sangue) ou albumina e equipes médica e da enfermagem com experiência técnica para sua realização. Neste caso em questão, a plasmaférese foi determinante para a melhora da paciente.
3) Nem todos os Hospitais oferecem tratamento por plasmaférese. Esse é um diferencial do Risoleta, que é 100% SUS?
No Risoleta, a plasmaferése, após discussão e indicação clínica, é realizada pela equipe de Nefrologia. O Hospital tem disponibilidade de recursos técnicos altamente modernos, e o mais importante: uma equipe multidisciplinar envolvida, comprometida ao máximo com o paciente. Neste caso houve um envolvimento intenso das equipes de Clínica Médica, Nefrologia e Hematologia, que contribuíram sobremaneira para esse excelente desfecho: a alta da paciente em menos de um mês, após recuperar-se de um quadro seríssimo.
Atendimento de qualidade feito no Risoleta!