Em 2009, três médicas se uniram com o propósito pioneiro de criar um serviço hospitalar de Cuidados Paliativos, para cuidar de forma especializada de pacientes portadores de doenças graves, ameaçadoras da vida ou em terminalidade. O objetivo era reduzir o sofrimento do paciente e de seus familiares frente ao adoecimento. O grupo – formado por Dra. Ana Luisa Rugani Barcellos (geriatra), Dra. Juliana Elias Duarte (geriatra) e Dra. Daniela Charnizon (clínica médica) – apresentou o projeto à Diretoria do Hospital e, com o apoio da Instituição, em 01/04/2009, inaugurou a Equipe de Cuidados Paliativos em uma aula para as lideranças do Risoleta. Nesse primeiro ano de atuação, foram atendidos 90 pacientes.
De lá pra cá, a demanda cresceu exponencialmente e a equipe se fortaleceu ao contar com uma equipe multiprofissional especializada e ao promover assistência integral com qualidade, ética e excelência, atendendo, de forma individualizada, o paciente e sua família.
O Serviço de Cuidados Paliativos realiza, atualmente, uma média de 1.300 interconsultas e 800 internações por ano em sua Unidade de Cuidados Paliativos. São atendidos pacientes portadores de doenças graves, ameaçadoras à vida, como câncer, demências, AVEs, falências orgânicas, problemas vasculares, etc.
Segundo Ana Rugani, as características de atendimento da própria Instituição tornam o trabalho da equipe bastante requisitado. “Trata-se de um hospital geral, com Pronto-Socorro muito movimentado, que recebe um grande número de pacientes com os diversos tipos de quadros clínicos e muitos com grande demanda por cuidados paliativos. Por essa característica a equipe tem um trabalho muito ativo e constante nesse setor, atendendo a esses pacientes desde o início de sua internação. O seguimento pela equipe continua pelo trajeto que o paciente percorrer nos demais setores do Hospital”, afirma.
A equipe atua em quatro frentes de trabalho: interconsultas, Unidade de Cuidados Paliativos, ambulatório de egressos e educação continuada para residentes e funcionários. São realizados cursos anuais de Capacitação em Cuidados Paliativos, de Abordagem da Dor, grupos de discussão, clubes de revista e aulas para os residentes de Clínica Médica que ingressam no Hospital para se familiarizarem com o tema.
Outro diferencial desse serviço é a estrutura, com uma ala própria no Risoleta com 24 leitos destinados a Cuidados Paliativos. Em Belo Horizonte, é o único com esse perfil e, mesmo no Brasil, são poucos hospitais com um atendimento tão robusto.
Linha do Tempo – Serviço de Cuidados Paliativos do Risoleta
2009
- 1/04/2009 – Inauguração do atendimento com uma apresentação conduzida pelas médicas horizontais da Clínica Médica Ana Luisa Rugani Barcellos, Daniela Charnizon e Juliana Duarte. Iniciada a formação da equipe multiprofissional. Trabalho voluntário, com atendimento por interconsultas.
2012
- Transferência das médicas para trabalho exclusivo na equipe de Cuidados Paliativos (Dra. Ana Luisa e Dra. Daniela) e criação do atendimento de Geriatria no Pronto-Socorro (Dra. Juliana).
2015
- Inaugurada a Unidade de Cuidados Paliativos, com 6 leitos, no 5º B.
- Ampliação da equipe multiprofissional própria.
2017
- Ampliação da Unidade de Cuidados Paliativos para 16 leitos. Criação de 8 leitos para internação de idosos frágeis. Mudança para o 6º A.
2018
- Inauguração do Ambulatório de Cuidados Paliativos para pacientes egressos e estruturação do cargo de enfermeiro interconsultor.
2019
- Criado no Risoleta o 1° Programa de Residência Médica em Medicina Paliativa de Minas Gerais, credenciado pelo MEC, com 2 vagas.
- Realização da 1ª edição do Curso Básico de Capacitação Multiprofissional em Cuidados Paliativos.
- Projeto Ressignificando a Vida, elaborado pela enfermeira Ana Marília Cunha em parceira com o Núcleo de Educação Permanente, que promoveu diversas oficinas com os técnicos de Enfermagem a fim de sensibilizar, acolher e trocar informações sobre pacientes.
- Simpósio dos Cuidados Paliativos: 10 anos de história.
2020
- Na pandemia de Covid-19, foi elaborado um fluxograma de atendimento e estratificação de cuidados dos pacientes frágeis admitidos com infecção pelo novo coronavírus.
- 1º Curso de Dor conduzido pela equipe de Cuidados Paliativos.
- 2ª Edição do Curso de Capacitação Multiprofissional em Cuidados Paliativos.
2021
- Criação do Ambulatório de Comunicação, espaço semanal para conferência entre equipe e pacientes/familiares para ajustes de comunicação e decisões importantes relacionadas à doença e ao tratamento. Importante cenário de estágio para os residentes.
- 2º Curso de Dor conduzido pela equipe de Cuidados Paliativos.
- 3ª Edição do Curso de Capacitação Multiprofissional em Cuidados Paliativos.
- Ampliação do número de vagas para Residência em Medicina Paliativa, de duas para três.
2022
- Ampliação do Ambulatório de Comunicação, sendo realizado duas vezes na semana.
- 3º Curso de Dor conduzido pela equipe de Cuidados Paliativos.
- 4ª Edição do Curso de Capacitação Multiprofissional em Cuidados Paliativos.
2023
- Realização do I Seminário de Bioética do Risoleta com palestra de convidados renomados nacionalmente.
- 5ª Edição do Curso de Capacitação Multiprofissional em Cuidados Paliativos.
- Participação da equipe do Hospital em audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) sobre ter um orçamento da saúde especificamente para os cuidados paliativos.
- Participação da equipe na Frente Nacional PaliAtivistas para a aprovação da Política Nacional de Cuidados Paliativos, que foi aceita e publicada em novembro na 8ª Conferência Nacional de Saúde.
2024
- 4ª Edição do Curso Manejo da Dor.
- 6ª Edição do Curso de Capacitação Multiprofissional em Cuidados Paliativos.
1º/04/2024 – 15 anos do Serviço de Cuidados Paliativos.
Depoimentos de quem fez e faz parte dessa história
“Conheci o Cuidado Paliativo no Risoleta durante minha residência em Saúde do Idoso no Programa de Residência Multiprofissional do HC-UFMG. Na época, não sabia o que era e tive as melhores professoras que poderia ter: Aninha, Dani e Ju! Fiquei apaixonada pela área e me dediquei a estudar e aprofundar meus conhecimentos. Foi um estágio que deixou muitas saudades e o desejo de um dia retornar. E esse dia chegou. Já concursada na Instituição tive a oportunidade de me integrar à equipe, que naquele momento passaria de 6 para 16 leitos da Unidade de Cuidados Paliativos. Foi um período de muitas mudanças, adaptações e alegria por ver esse sonho, tão querido, sendo realizado. A sementinha plantada lá atrás, por essas três pessoas maravilhosas, cresceu e deu frutos. No coração, seguem com carinho lembranças de todos os bons momentos vividos. Minha gratidão e carinho por essa equipe será eterna. Desejo que continuem espalhando conhecimento, cuidado e amor para que mais profissionais, pacientes e suas famílias se beneficiem desse tratamento que hoje é um direito da população”.
“Desde o início dos Cuidados Paliativos no Risoleta, o Serviço de Nutrição e Dietética (SND) atua na assistência dos pacientes com alguma doença ameaçadora da vida. Em 2018, com a ampliação da Unidade de Cuidados Paliativos, tive a oportunidade de assumir como nutricionista de referência do Serviço de Nutrição Clínica. Na época, poucas instituições hospitalares tinham a atuação exclusiva da nutrição clínica nesse cenário e isso foi um diferencial para nós. O objetivo foi (e ainda é) construir uma assistência individualizada, específica às necessidades alimentares e nutricionais dos pacientes e proporcional a cada condição clínica, seguindo conforme os princípios dos Cuidados Paliativos. Essa construção foi desafiadora em vários aspectos, principalmente por lidar com o fim de vida, mas enriquecedora. Iniciei com a triagem e acompanhamento nutricional e orientações para alta hospitalar. Hoje, além disso, participo das corridas de leito, das reuniões familiares, dos Grupos de Discussão e Curso de Capacitação em Cuidados Paliativos com a apresentação de temas relacionados à alimentação e nutrição. A motivação desse trabalho está em contribuir para o conforto e bem-estar do paciente e de seus familiares e atuar em uma equipe que defende a interdisciplinaridade, com o apoio do SND para a condução dos casos. Desejo para a equipe que bons frutos pessoais e profissionais sejam colhidos do plantio realizado na terra fértil que é o Risoleta”.