O Ambulatório de Feridas Complexas do Risoleta foi criado em 2019 com o objetivo de garantir atendimento especializado aos pacientes da Instituição que reúnem condições clínicas para a continuidade do seu tratamento no regime ambulatorial. Os usuários, em sua maioria, são jovens vítimas de acidentes de trânsito com lesões graves de extremidade. Após o atendimento de urgência, os pacientes recebem alta com uma programação definida de cuidados que envolve a estrutura ambulatorial do Hospital e a interface com os serviços disponibilizados pela rede básica de saúde.
O atendimento no Ambulatório é prestado por uma equipe multidisciplinar composta pelos enfermeiros Renata Perdigão e Robson Franklin, Infectologia e Ortopedia Reconstrutiva. Além disso, conta com o apoio em casos especiais da equipe da Cirurgia Vascular na utilização da oxigenoterapia hiperbárica (terapia adjuvante).
Os principais destaques e inovações proporcionados pelo Ambulatório de Feridas incluem:
– Definição do plano de tratamento completo para cada paciente com retornos periódicos de acordo com a necessidade de troca dos curativos;
– acompanhamento e avaliação dos pacientes por junta médica composta por médicos da Ortopedia e Infectologia, além da equipe de Enfermagem que realiza os curativos com as coberturas apropriadas;
– implantação do cateter de longa permanência nos pacientes com proposta de antibioticoterapia venosa realizado pela equipe de PICC composta pelos enfermeiros Renata Perdigão, Robson Franklin e a Dra. Edna Mariléia, gestora médica do Serviço de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas a Assistência à Saúde;
– participação em estudos multicêntricos com instituições renomadas nacional e internacionalmente.
O Ambulatório atende cerca de 15 pacientes por semana e proporciona um cuidado seguro e humanizado para os usuários.
O Ambulatório de Feridas foi o projeto vencedor da II Mostra de Boas Práticas de Segurança do Paciente do Risoleta, em abril, representado pela enfermeira Renata Perdigão. Entre os resultados destacam-se:
– desospitalização segura dos pacientes com feridas complexas;
– retorno mais rápido do paciente ao convívio familiar;
– descolonização dos pacientes e redução de infecção;
– recuperação da autoestima;
– redução do tempo de permanência e dos custos hospitalares.
“No Ambulatório vimos a possibilidade de devolver para esse paciente a vida dele lá fora, reabilitado, descolonizado e de volta para a sua família, sua rotina. Começamos com poucos pacientes e fomos avaliando caso a caso. As demandas são variadas: alguns vêm apenas para troca de curativos, outros ainda com o fixador, uns que precisam de intervenções mais complexas, outros em uso de antimicrobianos. O Ambulatório tem ótimos resultados em função da nossa equipe multiprofissional. Atendemos muitas pessoas em situação de grande vulnerabilidade econômica e poder ajudar na reinserção social é valioso para nós”, explica Renata Perdigão, enfermeira de referência da Ortopedia e integrante da equipe do Ambulatório.
“No Ambulatório de Feridas Complexas adquirimos muito conhecimento, em especial de práticas que não tivemos na graduação. Temos pacientes com feridas extensas em partes moles e alinhar o uso de curativos regenerativos com antibióticos, saber lidar com a lesão e ter bons resultados com o paciente é um diferencial. O que mais me chama atenção em atuar no Ambulatório é a eficácia do tratamento ao ver a evolução do paciente e a melhora na condição de vida. A qualidade do tratamento e a qualificação da equipe em lidar com essas lesões agrega valor ao processo de formação”, diz a residente em Ortopedia e Traumatologia Thaís Araújo Ferreira.
Paciente beneficiado
Oziel de Souza Lima (59 anos) mora em Venda Nova e tem um comércio de chapas galvanizadas. No início deste ano, teve um acidente de trabalho ao cortar a mão em uma das chapas. “Isso foi em uma sexta-feira. Fui para a minha rocinha na Serra do Cipó, nadei, aproveitei o final de semana. Na segunda-feira, vim para o Pronto-Socorro, pois minha mão estava estranha, doendo demais”, disse. Oziel ficou internado no Risoleta por 52 dias e passou por sete cirurgias. O pequeno corte foi a porta de entrada para uma bactéria que quase o fez perder a mão. “Teve um dia que o médico falou que minha mão estava ruim demais e que se não houvesse evolução iria amputar. Eu sempre tive muita fé, mas foi um período horrível”, comenta.
Com o uso de antimicrobianos e curativos realizados no Ambulatório de Feridas Complexas, Oziel foi acompanhado por cerca de dois meses para que a lesão fechasse. “Recebi alta e devo cuidar para a pele ficar mais hidratada. Só tenho a agradecer pelo trabalho de todos, do Hospital, do SUS. Meu atendimento foi nota mil!”
